sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Carta às amigas mães e todos que a rodeiam


Acredito que um post não seria suficiente para falar sobre esse universo ao qual passei a pertencer. Essa montanha-russa ou redemoinho de emoções, escolha o termo mais apropriado. Depois de um tempo nessa jornada, percebi que compartilhar com outras mulheres, tendo mães como maioria, pode ser enriquecedor e confortante. Não sou de me abrir ou dividir minhas fragilidades. Daí a demora a chegar a essa conclusão.

Sempre observei outras mulheres dizendo o quanto se sentiam cansadas ou como gostariam de um tempo para si em meio a rotina diária com a família e para mim, soava como reclamação e uma tentativa de fuga. Só que agora que sou desse time, entendo melhor como se sentem e que nós não queremos nos livrar dos nossos filhos nem estamos abrindo mão das nossas responsabilidades. 

Queremos apenas um momento só nosso, para descansar a mente e o corpo, assistir aquele seriado bobo que só nós gostamos, comprar aquele vestido, dormir por 8 horas ininterruptas (nesse quesito não tenho motivos para reclamar, graças a Deus!), beber aquele vinho olhando para o teto. Fazer nada. Que luxo é não fazer nada.

Antes de ser mãe, gostava muito de uma sonequinha e tinha plena consciência de que não seria tão frequente com um bebê em casa. Acabei desenvolvendo a incrível  capacidade de descansar sem dormir. Quinze minutos deitada, me renova para voltar às atividades. Jamais pensei que fosse possível! Logo eu que amava dormir. O Globo Repórter deveria falar sobre isso.

Desde que nasceu, Aninha nunca deu trabalho ou precisou que eu passasse madrugadas acordada e sou muito grata por isso. Porém tive um pós-parto muito turbulento com as crises de TPB da minha mãe. Foi um período difícil e estive prestes a passar o resguardo fora de casa para ter mais tranquilidade. 

Superado esse momento, meses depois, veio o que suspeitei ser a depressão pós-parto. Sentia um esgotamento emocional tão grande que me sentia prostrada, era paralisador. Lendo e me informando mais, entendi que era ok se sentir assim e não estava deprimida . Tudo é muito novo. TUDO! A rotina da casa muda, os relacionamentos mudam, seu corpo, sua mente, suas responsabilidades. Com isso, somos rodeadas pela expectativa externa para sermos o ser humano perfeito, opiniões sobre o que seu filho deve comer, os brinquedos que deve ter, um sem número de questões que não queremos responder. E tem as visitas, elas não podem ver nossa casa bagunçada! Pessoas que nunca nos visitaram, agora passam a frequentar nossa casa para ver o bebê, não você. Tenho em grande estima quem trouxe um lanchinho ou veio ajudar a manter a casa em ordem nesse período, não por obrigação em troca da visita, mas pelo carinho com uma mulher que apesar de adulta, nesse momento é tão frágil e carente de cuidados como o bebê que acabou de nascer. 

Às minhas amigas passando por esse momento maravilhoso e desafiador, fiquem firmes! Sei que dizer isso não torna menos cansativo, mas pense que cada ciclo da vida tem seus desafios. Pare por 5 minutos para pensar no quanto você cresceu nesses últimos meses/anos. Nos tornamos mais fortes, mais bonitas (ainda que tenhamos resistência em reconhecer) e mais sábias.
A todos que convivem com essas supermulheres, amem, abracem, perguntem como foi o dia, como podem ajudar, como tornar a rotina mais leve e com frequência perguntem o que poderiam fazer para que elas se sintam bem? É tudo o que gostaríamos de ouvir.